sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Vamos de historinhas?


Tocando para cachorro!


Gosto de contar história, tenho muitas.



Contarei sobre o dia em que fizemos um show de rock para o aniversário de um cachorro.

Mas antes de começar a historinha terei que dizer que no final da década de 80 formei uma banda de rock, que durou até 96… ou foi 97? 
— Ah, sei lá.

A gente já tinha gravado um CD (música própria) independente, eram 11 faixas: blues, punk rock, pop, reggae — uma verdadeira farofa de estilo e, sem personalidade. 
Apesar disso, vivíamos loucos querendo lugar para tocar e divulgar nossa música. Conseguimos um empresário do nosso bairro mesmo.
As coisas começaram a andar, toda semana tinha um evento para fazer, aparecer, tocar, ser vistos, a maioria sem remuneração (pelo menos para a banda).

Numa dessas…

O “empresário” vendeu uma apresentação da banda para uma festa de aniversário em um sítio, aqui na zona oeste do Rio de Janeiro.
Iriamos chegar umas 15:00 de um sábado, "passar o som" e as 17:00 faríamos uma apresentação de 45 minutos, pausa de 40 e outra apresentação de +45 minutos (fim).
No intervalo do show teria os parabéns para o aniversariante, assim foi.

A gente acabou ficando após passagem de som, afinal começaríamos as 17 h, né!
Comecei a notar que os convidados chegavam, uns com crianças, mas a maioria cachorro(s) como companhia.

Subimos no palco e começamos a tocar, uma música nossa e o restante rock nacional dos anos 80. — os convidados da contratante do show não tava nem aí para o que a gente tocava.
Eu estava louco para chegar, intervalo e voltarmos para terminar o compromisso, afinal achei um show furado.

Logo…

Antes da gente começar o segundo tempo, a senhora me pediu o microfone. Coloquei no suporte do pedestal e ela começou a falar sobre Jorge, o aniversariante.

Que Jorge estava muito feliz por todos irem ao seu aniversário de 15 anos e mesmo ele não estando muito bem, que gostaria de aparecer para agradecer a todos pela presença e os presentes...

Ela gritou:
— Pode trazer o Jorge.

Foi uma surpresa para gente.
Me entra (por certo) a empregada com um cachorro véio, vira-lata, magrizela e ainda convalescente de sei lá qual doença.

Esse era o JORGE que comemorava ali os seus 15 ANOS!

Comecei a rir daquela situação (meio que disfarçado) a revelação de quem era Jorge era demais para mim, até mesmo para minha cabeça maluca de roqueiro.
Dei uma olhada no pessoal da banda (eu era o cantor), a cara do baixista e baterista da banda, me dava mais vontade de rir.

O batera queria ir embora, dizia: 
— Tocar em aniversário de cachorro, muita humilhação!

O contrabaixista, incrédulo:
— Pensava que Jorge fosse um adolescente de 15 anos, roqueiro e não um cachorro.

O guitarrista me acompanhava, olhando e se segurando para não rir.

Mas voltamos a tocar, fizemos uma boa apresentação e todos ficaram satisfeitos, quero dizer — espero que pelo menos o Jorge tenha curtido.



— Isso é o que tenho para hoje.


Até a próxima!!! 


Um salve para Jorge, com certeza virou estrelinha e foi morar com são Francisco de Assis.

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