terça-feira, 30 de julho de 2024

Amadurecer (envelhecer)


Amadurecer (envelhecer) é entender que o novo sempre vem.


Sou um “golinho” mais vivido, isso me dá uma visão peculiar da vida.

Venho da década (final) dos anos 60 – século passado – e não vivi as facilidades que esse mundo moderno tem, hoje mais que no fim dos anos 1990.

Não vejo mais e nem saio enchendo as pessoas com “no meu tempo a música era melhor”, “as letras faziam sentido”, “os filmes eram tão bons que viravam clássicos” e blá blá blá.

O meu tempo passou, virou o “naquela época” e foi bom mesmo – mas foi – para mim.

- Foi bom para cacete... Ih, isso me lembrou as Fitas K7.

Hoje o mundo é bom do jeito que é. A garotada na hora do recreio (intervalo) não fica mais sozinha – tem um smartphone para servir de companhia.

Eu me lembro bem (no meu tempo de escola) quando entrei pulei para a 5ª série (ginásio), tinha 10 anos – um magricela, orelhudo, cheio de sardas e sem amigos e às vezes nem saia da sala para ficar o mais invisível possível.

Acho legar a interação dos jovens de hoje e sua facilidade de socializar e de assumir um lugar na sociedade – hoje eles têm voz (vozes) e essa pode ser escutada dos subúrbios aos bairros da Zona Sul carioca, do morro ao asfalto.

É funk, é pagode, é trap... De tudo eles curtem.

Há pouco foi me apresentado o som do K-pop (Pop da Coreia do Sul), sabe que gostei?

Algumas músicas me levaram a lembrar Michael Jackson (rei do pop) e os “Jackson Five”, prova de que existe uma boa influência. Adorei a qualidade nos clips, a coreografia – bacana!

Não quero parecer aqui atemporal ou um coroa metido a garotão - ‘etcétera quetais’. Ainda acho que uma camiseta básica, calça jeans e tênis é estar bem-apresentado.

Eu ainda bebo minha cerveja (semanal) curtindo as músicas dos anos 70/80 e, até meados dos anos 90 - sem afetação, saudosismo ou nostalgia exacerbada.

Não sinto falta das dificuldades dos anos 70: fila para comprar feijão, transportes precários, desemprego, repressão política. Os anos 80 com sua falta de carne, inflação acachapante (acachapante entrega a idade) e os movimentos para as Diretas Já (eu tive lá).

Menos falta sinto do castigo que papai me deu, só porque fugi de casa para ir no “Rock In Rio” (1985). Fui condenado a um (1) ano de: casa e escola, escola e casa. Sem amigos e sem passear com a família nos fins de semana.
Cá pra nós – quando iam sair para passear de carro (eu amava passear) ele dizia:

- O senhor sabe porque não vai passear com a gente, né?

Eu balançava a cabeça, envergonhado e – quase – choroso, mas...

Quando o carro saia da garagem, eu trancava o portão e me via só... Há, há, há!
O “rock and roll” rolava e eu podia deitar no sofá, comer o que queria, sujar louça e lavar depois, ver o que queria na tv.


Bons tempos!

        

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Irrelevância, é a Herança de Quem Envelhece

Desde a morte de Pelé (o rei do futebol) me pus a pensar. Eu, desde jovem, ficava imaginando como seria o dia em que Pelé partisse — dessa ...

As Mais Lidas