quinta-feira, 8 de agosto de 2024

A fábula do Chevette do Aranha



Historinha, é o que tenho para hoje

Era mil novecentos e noventa e alguma coisa. Não, eu não tinha computador... ainda.
Sentar em roda de amigos e, ouvir e contar mentiras ainda era normal - imagina um ser para mentir... nós (homens).

Entre nós, no grupelho masculino, tem sempre o mais mentiroso (exagerador da realidade).
Aranha* era um deles, desnecessário dizer o nome de batismo da criatura...

Falávamos sobre carro, moto e as aventuras de dirigir sem CNH, etc.
Na roda de amigos tomando cerveja e conversando éramos sete e apenas dois tinham carro. Eu era dono de um Monza.

E entre contos e aventura. Aranha resolveu contar uma faceta.

Contou ele que vinha pela avenida Brasil (principal avenida da capital carioca) indo para Santa Cruz - bairro final da avenida que tem (salvo engano) mais de 55 quilômetros.

Então, ele em um Chevette (1975) rasgava o asfalto aos 135 quilômetros (por hora) – tudo bem, se fosse um SL 1.4, seria possível, sim, tá!
Bom, vou tentar detalhar a história para fazer melhor sentido:

Da parte que a avenida Brasil vira uma reta é pouco depois do Mendanha (sub-bairro de Campo Grande) e Aranha estava chegando próximo ao “viaduto dos cabritos” (Viaduto Oscar Brito), quando de repente avista uma ‘blitz’, era muito comum naquele tempo.

Uma ‘patamo’ (patrulhamento tático motorizado) no meio, uma 'patrulhinha' (carro pequeno) numa ponta e policiais se dividido em três partes do acostamento, faziam ali o seu trabalho.

Então Aranha se dá conta de que não tinha CNH, como não tinha saída de escape da avenida... Pisou no “brake” (freio) – isso a 135 km, os freios não respondiam, o carro não diminuiu a velocidade.
Puxou o freio de estacionamento (freio de mão) – 135 km por hora, também não resolveu porque arrebentou os cabos (ele jurou que ouviu o arrebentar do cabo de aço).
A 'blitz' se aproximava, faltava muito pouco, menos de 100 metros para chegada. Ele tinha a certeza de que seria parado.

Aranha, não tendo outra saída, pois a única (ultima) alternativa surgia na sua cabeça dele. Quebrou o vidro do painel do velocímetro e num esforço sobre-humano começou a segurar o ponteiro... e voltá-lo para trás.
Assim conseguiu diminuir a velocidade para 20 quilômetros e passou pela ‘blitz’ sem chamar a atenção dos policiais.

Lógico, nesse momento riamos muito – lembro que estava sentado no chão e comecei a rolar de tanto rir, deu dor na barriga.

- Em que mundo ele vivia, que relação de controle de velocidade e força do motor tem no velocímetro?  

O que o amigo Aranha contou era uma fábula moderna e uma advertência para que, quando for mentir, saiba bem o que vai dizer para que a mentira se sustente e não vire uma piada.

Enfim, até hoje quando nos reunimos (coisa rara) rimos muito ao lembrar dessa história e ao contar para quem nunca ouviu.

Aranha hoje é um agente da segurança pública – o que deve render muitas histórias, mas tem alguns anos que não nos vemos.




Até a próxima!


(*) Aranha é mesmo o apelido do amigo - preferi manter o apelido a falar o nome sem autorização do mesmo.

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